13/06/2016

Gregariedade

Gregariedade

Gregários que somos, precisamos experimentar o sentimento de pertencer a um grupo e, para isso, negociamos com os outros, consciente e/ou inconscientemente, possibilidades e limites com esse fim. Esse movimento acontece desde o início de nossa história, ao  serem forjados e “escolhermos” os papéis que desempenharemos no ambiente familiar, o que serve de aprendizado para, futuramente, serem exportados para outros grupos.

Falando de papéis, não podemos deixar de examinar suas possibilidades de realização nas relações:
os papéis desejados por nós;
aqueles desejados pelo grupo e
os papéis que desempenhamos.

Quando experimentamos papéis que são, ao mesmo tempo, desejados por nós e esperados pelo grupo, o confortável sentimento de pertencer nos remete ao prazer.

Ao experimentarmos papéis que são desejados por nós, mas não esperados pelo grupo, o sentimento de pertencer é frágil e ameaçado pelo risco eminente da exclusão.

Possibilidades se apresentam como resolução desse impasse:
- acomodar-se ao que o grupo espera para continuar pertencendo, o que gera frustração e dor nas relações em suas mais variadas manifestações;
- entrar em choque com o grupo e conosco mesmos, por estarmos frustrando expectativas de quem gostaríamos de agradar e, sem dúvida, nessas circunstancias, nossa possibilidade de prazer diminui e quase escasseia ou,
- negociar no grupo desejos, expectativas e necessidades, buscando possibilidades de novas configurações nas relações, que resultem em mais satisfação para as partes e para o grupo.

Podemos experimentar ainda, papéis que são, ao mesmo tempo, não desejados por nós e não esperados pelo grupo. Nessa situação, a motivação para permanecer no grupo inexiste, a não ser quando da  necessidade neurótica de manutenção  do sofrimento.

Essas são situações complexas que nos demandam escolhas cotidianamente.

Assumir decisões e atitudes que nos remetam a um maior espaço de movimentação nos grupos aos quais pertencemos, resulta do aprofundamento da consciência de que ser gregário, não significa necessariamente submeter-se, negar-se.

trecho do artigo “Gregariedade”, de Mauro Nogueira de Oliveira



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