10/10/2018

Wilfred R. Bion - o grupo e o processo de liderança


Wilfred Bion (1897-1979)


Psicanalista inglês, nascido na Índia, que durante algum tempo teve a coragem de discordar de Freud no tema liderança.
Freud dizia que o grupo é o reflexo de seu líder e Bion mostrou que o líder é eleito pelo grupo.
Segundo Bion, em seu livro Experiências com Grupos (1961) todo e qualquer grupo funciona, ao mesmo tempo, em dois níveis: um nível que chamou de grupo de trabalho e onde estão as tarefas a serem realizadas pelo grupo, e um outro que chamou de grupo de pressupostos básicos, onde estão as emoções do grupo. Os dois níveis ocorrem simultaneamente.
O grupo se organiza para realizar uma tarefa e nesta organização está presente a figura de um gestor, professor, coordenador, supervisor, terapeuta, etc. que é visto pelo grupo como o responsável pela realização da tarefa, por isso percebe e espera desta figura um conhecimento das etapas da tarefa e em sua capacidade de fazer com que o grupo a execute. Ao mesmo tempo, percebe e espera desta mesma figura, capacidade de compreensão, capacidade de diálogo, disponibilidade para ouvir, e outras capacidades que representam o reconhecimento das emoções.
Sempre que estes dois níveis estão satisfeitos, o grupo experimenta uma sensação de bem-estar, de realização, com um alto índice de coesão, e um forte espírito de grupo, de pertença. O grupo consegue criar um espírito de grupo, que Bion entendia da seguinte forma:
- A existência de um propósito comum;
- Reconhecimento comum dos limites de cada membro, sua posição e sua função em relação às unidade e grupos maiores;
- Distinção entre os subgrupos internos;
- Valorização dos membros individuais por suas contribuições ao grupo;
- Liberdade de locomoção dos membros individuais dentro do grupo;
- Capacidade de o grupo enfrentar descontentamentos dentro de si e de ter meios de lidar com ele.
Quando esta figura que deveria ser a responsável pela realização da tarefa é vista pelo grupo com falta de conhecimento, falta de habilidade de planejamento, pouca visão sistêmica, etc. se, satisfaz o nível emocional do grupo, este se organiza para suprir tais carências e manter a realização da tarefa e manter esta figura pois ela satisfaz o nível emocional do grupo. Isso dura um tempo não muito longo, pois sobrecarrega alguns membros do grupo na realização da tarefa.
No entanto, quando esta figura não contribui para a satisfação do nível emocional do grupo, os pressupostos básicos, em vez de contribuírem como energia para a realização da tarefa, dispersam esta energia na busca de satisfação emocional, e faz com que o grupo escolha um líder a partir do pressuposto básico mais próximo da sua cultura. Quando isso acontece, a forma que algumas figuras de autoridade encontram para manter o grupo em atividade, é o surgimento do autoritarismo que, durante algum tempo, dará resultado, mesmo que isso signifique queda na qualidade do resultado. E este autoritarismo aparece como uma resposta ao boicote que começa a acontecer no grupo.
E uma quarta situação onde o responsável pela realização da tarefa não satisfaz o nível da tarefa, nem o nível emocional do grupo traz como resultado sua exclusão do grupo por aqueles que o colocaram nesta posição.
Alguns preferem ficar com os aspectos teóricos da obra de Bion, no entanto, a mim parece que a riqueza de seu trabalho está na dinâmica grupal que conseguiu identificar. E esta dinâmica diz que o grupo precisa estar com os seus dois níveis satisfeitos e caso isso não ocorra, surgirão processos dentro do grupo indicando estar havendo uma insatisfação e esta insatisfação se refletirá na execução da tarefa.

Conectado consigo mesmo, torna-se mais fácil abraçar os desafios e aceitar as mudanças. Bion, costumava medir a maturidade de seus pacientes pela tolerância que eles demonstravam frente a incertezas. Bion costumava vir com frequência ao Brasil. O psicanalista Rubem Alves conta que, antes de uma de suas palestras, uma pessoa da plateia comentou: “Doutor, estamos muito curiosos para saber o que o senhor vai dizer”. Bion respondeu: “Eu também”, ou seja, ele vivia a incerteza com prazer e excitação.

Mauro Nogueira de Oliveira
Janeiro 2018

04/10/2018

No endereço abaixo encontramos um artigo escrito por Dorwin Cartwright e publicado na Rev. adm. empres. vol.6 no.20 São Paulo July/Sept. 1966.
O tema é por demais interessante: Como mudar as pessoas: algumas aplicações da teoria de dinâmica de grupo

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901966000300006

A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos

Excelente artigo que mostra o quanto a Teoria de Campo, de Lewin, nos ajuda a olhar para as realidades que nos cercam. E a velhice é uma comum a todos.

Beleza, CMF, Soares, SM. A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos.. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2018/Jan). [Citado em 04/10/2018]. Está disponível em:http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/a-concepcao-de-envelhecimento-com-base-na-teoria-de-campo-de-kurt-lewin-e-a-dinamica-de-grupos/16585?id=16585&id=16585