Epistemologia de Maturana
Licenciatura
Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
O termo epistemologia
se refere ao estudo sobre a produção do conhecimento. Quando se menciona, no
entanto, a epistemologia das ciências, se está abordando os pensadores que se
preocuparam em investigar como se constrói um conhecimento de natureza
científica. Dentre eles, Humberto Maturana merece destaque.
Maturana é biólogo,
nascido em 1928 em Santiago, no Chile. Iniciou seus estudos acadêmicos na medicina,
mas acabou seguindo carreira na biologia. Obteve Ph.D em biologia na
Universidade de Harvard, e trabalhou em neurofisiologia no M.I.T. Atualmente é
professor do Departamento de Biologia na Universidade do Chile. Sua obra de
maior destaque chama-se Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Seu principal
conceito é o da autopoiese.
Buscar-se-á propor um
breve resumo sobre os principais conceitos em Maturana, não em sentido de
resumo de toda sua obra ou resenha, mas em caráter pessoal de quem escreve,
através dos itens abaixo:
- Maturana
é um epistemólogo diferenciado dos demais, pois é biólogo, ao contrário
dos outros, que são físicos.
- De
acordo com ele, deve-se levar em conta sempre o observador, pois jamais há
isenção entre observador e observado.
- Assim,
o explicar sempre depende do observador.
- Sem
linguagem o homem não existe. Vivemos todos na linguagem, a qual se
fundamenta nas emoções, e estas são a base do fazer científico.
- Maturana
explica o conhecer a partir do conhecedor.
- Não há
sentido nem possibilidade de se conhecer sem se levar em conta o
conhecedor.
- Toda
sua abordagem em ciências é de cunho biológico, e não físico.
- Seu
principal conceito é do da autopoiese, ou seja, um sistema que
se auto regula. Esse conceito também ficara conhecido como a biologia do
conhecer.
- O
conhecimento é uma perturbação de nosso sistema cognitivo, pois podemos
fazer as nossas mudanças nas estruturas, mas não nas organizações
estruturais, ou seja, em suas identidades.
- A
explicação sempre gera uma interpretação de nossa própria experiência.
- Para
Maturana, uma explicação torna-se válida apenas pela existência de alguém
que a aceite como tal, sem nenhuma necessidade de outro embasamento.
- Todo
ser vivo tem características de organização, onde a perda da organização é
a morte.
- Essa
organização, entretanto, não é estática, mas sempre existe uma organização
cognitiva.
- Não é o
exterior quem determina a experiência, o sistema sempre funciona a partir
de correlações interiores.
- Conforme
fora mencionado, sua noção de verdade reside apenas na aceitação desta por
alguém, sem nenhuma necessidade de qualquer embasamento empírico.
- O homem
possui existência na linguagem, na comunicação. Assim, o homem não pode
ser visto como um ente isolado.
- Muitas
vezes não é possível distinguir-se entre a observação e a ilusão, de modo
que, de acordo com a sua visão, a ciência não pode ser objetiva.
- O
explicar algo é sempre uma reformulação do que “eu” já tive, até porque
utiliza a “minha” própria linguagem. Não há possibilidade de existência de
um conhecimento sem influência de quem o descreve.
- A tolerância apenas
considera uma posição; a aceitação compreende-a sob a
ótica do outro.
- A
linguagem não existe na transmissão de informações entre o transmissor e o
receptador, mas em uma modelagem entre eles.
- A
diferença do conhecimento científico é que o cientista que o produz deve
ser cuidadoso para não permitir que as emoções intervenham no critério da
validação das informações.
- A
ciência possui critérios de validação para a explicação, mas essa
explicação jamais é única.
- A
ciência é uma atividade humana, conectada ao conhecimento. Ou seja, uma
das formas que temos de produzir conhecimento chama-se coência.
- Entretanto,
esses critérios de validação não exigem que o observador seja independente
daquilo que observa.
- Somos
nós que decidimos o que mudar em nosso sistema cognitivo no processo do
conhecer, modificando a sua estrutura, mas jamais modificando a sua
organização interna, que lhe dá suporte e caracteriza o ser vivo.
- Nós
estamos tentando perturbar os “sujeitos”, mas serão eles que decidirão o
que fazer com essas perturbações.
Referências:
MOREIRA, Marco Antônio; MASSONI, Neusa Teresinha; Epistemologias do Século XX, EPU, São Paulo, 2011.
MOREIRA, Marco Antônio; MASSONI, Neusa Teresinha; Epistemologias do Século XX, EPU, São Paulo, 2011.
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